quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Hobbit - Uma Jornada Inesperada


 "O mundo não está em seus livros e mapas. Está lá fora."
 
          Após quase dez anos do lançamento de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, Peter Jackson volta à Terra-Média na tão aguardada adaptação de O Hobbit. Apesar da lamentável saída de Guillermo Del Toro da direção, o regresso de Jackson ao universo de Tolkien significou um porto seguro para o longa. Na trama, 60 anos antes dos eventos de A Sociedade do Anel, o jovem Bilbo Bolseiro envolve-se, inusitadamente, em uma grande aventura: Acompanhar 13 anões em sua jornada rumo à Erebor, no intuito de reaver seu ouro e suas terras, roubados pelo dragão Smaug.
          Nesta nova jornada, percebe-se claramente como Jackson reaproveita, em vários aspectos, a estrutura de A Sociedade do Anel. Mudanças mais acentuadas no estilo do diretor são perceptíveis no modo em que as cenas de ação são filmadas, já que a exibição do longa foi pensada em 3D e em 48 quadros por segundo. Aqui, as novas tecnologias mostram-se interessantes, mas também pagam seu preço. Se por um lado o realce da profundidade torna-se envolvente na toca hobbit ou nas paisagens da Terra-Média, por outro a fuga das montanhas sombrias mostra-se realmente confusa.



          Com os 48 quadros, tecnologia com a qual se projeta imagens ainda mais contínuas, nítidas e 'reais', a situação é similar: Há de se convir que a quebra da barreira da fantasia possa ocorrer. Algo, contudo, que se deve muito mais à falta de costume com a novidade. Entretanto, assistir gigantes de pedra se destruindo, em meio a uma tempestade, com tanta clareza é simplesmente extraordinário. Talvez, o bom e velho formato convencional fosse mais adequado, levando-se em conta os 169 minutos de filme, que tornam a exibição em 3D realmente cansativa.
          Em termos de história e narrativa, Jackson mantém a competência da trilogia anterior, ratificando sua excelente interpretação da obra de Tolkien; polida por Fran Walsh e Philippa Boyens, suas inseparáveis parceiras de roteiro. Bilbo não é um herói e o próprio personagem verbaliza isso. Desta forma, O Hobbit reforça a nobre moral da saga do anel ao usar um personagem tocante que desenvolve coragem, sem necessariamente... ser corajoso.
          Para que não haja, no fim, duas trilogias com a mesma mensagem, espera-se que Jackson mantenha um desenvolvimento gradual dos personagens, permitindo-se diversificar seu foco; com um Bilbo mais decidido e uma atenção ainda maior aos anões. O que, de certo, ocorrerá naturalmente considerando-se a obra homônima de Tolkien. Deve-se dizer que o reaproveitamento de temática não chega a prejudicar o longa, especialmente quando o mesmo é visto pelos olhos dos fãs.
          Desde conexões com a primeira trilogia, passando pela reunião do conselho branco e a presença de Radagast, até o encontro de Bilbo e Gollum: Tudo é feito como deveria ser e enche, com gosto, os olhos de todos os amantes daquele universo. Martin Freeman cai como uma luva no papel protagonista e Ian McKellen retorna a Gandalf com a competência habitual.
          Quanto à dificuldade de desenvolver, simultaneamente, os treze anões da história, Jackson faz o esperado: destaca aqueles com mais personalidade e relevância no livro. São eles Thorin, Dwalin, Kili, Fili e Bombur, além de Balin, interpretado com simpatia ímpar por Ken Stott.


            Por fim, deve-se parabenizar O Hobbit por ser, na medida do possível, um filme completo. Apesar da história não terminar ali, um arco da mesma é encerrado. O longa de Peter Jackson aproveita da experiência do mesmo e até as canções do livro são importadas para a tela. Não há, pelo próprio tom da história, a mesma empolgação de O Senhor dos Anéis e a tecnologia talvez atrapalhe os menos entusiastas mas, no fim, é simplesmente maravilhoso estar 'lá... e de volta outra vez'.


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