sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cisne Negro

          Em Réquiem Para um Sonho, o diretor Darren Aronofsky entregou uma obra extremamente perturbadora, na qual os protagonistas precisavam travar uma batalha interior e lidar com os próprios vícios. Já em O Lutador, o diretor continuou a explorar o desequilíbrio psicológico das pessoas, intensificando nessa característica a influência causada pelo meio externo. Cisne Negro, o mais novo filme de Aronofsky, dosa na medida certa tais elementos. Porém, o mais interessante é ver como o longa molda tamanha densidade na sutileza clássica do balé.
          Na trama, Nina é uma bailarina extremamente dedicada que finalmente vê sua chance de brilhar ao ser escolhida para o papel principal da clássica peça 'Lago dos Cisnes'. Entretanto, a dificuldade de se entregar emocionalmente na peformance do Cisne Negro aliada a pressão do treinador acaba por desestabilizar, cada vez mais, a jovem.
          Repare no pôster do filme: Portman apresenta-se com inigualável delicadeza, lembrando, de fato, uma bailarina de porcelana. Contudo, todos os transtornos de sua mente acabam por rachar sua bela aparência. Aronofsky, a todo momento, gosta de confrontar Nina com a própria imagem: reflexos no vidro, retratos, alucinações e, principalmente, espelhos. Uma forma de explicitar a transformação da personagem para si mesma e também para o público.
          O próprio título representa uma metáfora para tal transformação, já que Nina, na busca obsessiva pela perfeição, acaba por demonstrar um lado muito mais sombrio de sua personalidade. Toda sua gentileza e meiguice sutilmente transformam-se em intensa desordem psicológica. Tudo embalado por uma trilha sonora igualmente angustiante.
          Talvez, uma forma de mostrar que por trás das aparências de um belo cisne branco, pode haver um terrível lado obscuro. O que é confirmado nos créditos finais, no qual penas negras, vão sutilmente cobrindo o fundo branco. E para ratificar tal ideia, não poderia haver forma de arte melhor que o balé: dentro da delicada sapatilha escondem-se os dedos machucados de Nina, os quais representam o real esforço exigido pela dança.
          Vale ressaltar as ótimas interpretações de todo o elenco com destaque para Vincent Cassel e, claro, Natalie Portman, absolutamente fantástica.
          Por fim, Aronofsky expõe, novamente, uma sociedade de aparências e como a mesma relaciona-se com os sonhos de seus protagonistas. E por fazer isso de forma brilhante, o diretor consegue autenticar seu estilo sem copiar a si mesmo. O resultado: Uma obra intensa, impressionante e assustadoramente... bela.


Gostou da crítica? Não concorda com algo que foi dito? Quer acrescentar algo? Deixe um comentário! Sua opinião é fundamental para o desenvolvimento desse Blog!

Lei mais sobre Darren Aronofsky aqui!

Abraço!

2 comentários:

  1. Grande filme!!! Acho que Academia escolheu muito bem os candidatos a Melhor Filme desse ano. Não me decepcionei com nenhum até agora, e Cisne Negro é um dos melhores.

    http://brazilianmovieguy.blogspot.com/2011/02/cisne-negro.html

    Abraço,
    Thomás

    ResponderExcluir
  2. Comentário de um filósofo a respeito de Cisne Negro: "Pedro, vejo como é relevante essa relação apolínea e dionisíaca no filme, com o traço da perfeição do super homem nitiano. Parabéns!"

    Valeu Anderson!

    ResponderExcluir

Comentar: