quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge


          Em maio de 1939, Batman estreava em Detective Comics, o segundo mais antigo título em quadrinhos ainda hoje publicado. Ou seja, mais de setenta anos depois, o solitário Homem-Morcego continua a desarmar mafiosos; enfrentar vilões psicopatas e lutar incansavelmente pela redenção da condenada Gotham City. Tal imortalidade, que reforça o caráter lendário dos super-heróis, é finalmente representada nas telas com a competência necessária. O diretor Christopher Nolan consegue, de forma sutil e ideal, transmitir o conceito no universo crível que estabeleceu, apoiando-se, para tanto, no que já havia construído.
          Na primeira metade de Batman Begins, ao enfrentar seu exaustivo treinamento, Wayne é alertado por Ra's Al Ghul das possibilidades de se tornar mais que apenas um homem. Algo atingido ao devotar-se a um ideal, tornando-se um símbolo do próprio medo. Dando continuidade a este conceito, Nolan entrega o prometido final épico de sua trilogia. Por meio de ecos dos quadrinhos, ideias originais e o já característico estilo de seu diretor, O Cavaleiro das Trevas Ressurge passa com excelência uma difícil mensagem: a imortalização da lenda por meio do símbolo.
          Na trama, oito anos após os acontecimentos do filme anterior, um terrível mal volta a assolar Gotham City, impelindo Bruce Wayne de volta à ativa como Batman. Contudo, o Cavaleiro das Trevas terá que lidar, desta vez, com Bane (Tom Hardy), adversário que se revela um árduo desafio: tanto físico quanto psicológico.
          Ao invés de formular comparações indevidas, qual verdadeiro fã não sentiu um tremendo aperto ao notar a ausência do Coringa de Ledger no caos implementado pelo novo antagonista? Prova de que Bane é mais um ótimo complemento à vilania de Gotham. Tragédias da vida à parte, Cillian Murphy retorna como o incansável Espantalho para reforçar um interessante conceito dos quadrinhos. O de que vilões, assim como os heróis, se perpetuam. 
          Com isso, além de quebrar o padrão hollywoodiano, Nolan consolida sua mitologia e fortalece um de seus principais argumentos: o de que o mal sempre existirá. Consequentemente, Gotham sempre precisará do Batman. Neste impasse, ao colocar no tabuleiro os conflitos pessoais de Bruce Wayne, o diretor retoma seu argumento chave, a propagação do símbolo e não do homem; e prova não dar ponto sem nó. Tudo têm um porquê de estar ali.
          Entretanto, a grandiosidade de O Cavaleiro das Trevas Ressurge paga um pequeno preço: a complexa trama criada demanda um início apressado para o filme. Wayne reassume o manto com facilidade; e a revelação do policial Blake (Joseph Gordon-Levitt) no primeiro encontro dos personagens soa ligeiramente forçada. Releva-se, porém, tais detalhes ao saber que Nolan entregou o corte preliminar do filme com quatro horas de duração. Por questões comerciais, edições são necessárias, mas certamente uma hora a mais deve fazer bem ao longa. Resta aos fãs torcerem por uma versão estendida.
          Em questão de estrutura, o diretor dá-se ao direito de repetir certos recursos: A abertura, assim como em O Cavaleiro das Trevas, é utilizada para sugerir a personalidade do vilão. Já Alfred, com o perdão da piada,  revela-se a verdadeira carta-coringa de Nolan. Além de ser novamente responsável pelo tópico frasal que define os antagonistas, o fiel mordomo converte-se facilmente de alívio cômico a elemento dramático, sendo ainda fundamental no desfecho da trama.


        Felizmente, Gotham City, pela terceira vez, continua bem estabelecida/representada, varrendo definitivamente a má impressão deixada pelos filmes de Joel Schumacher na década de 90. Se em Batman Begins os subúrbios podres e decadentes da cidade foram retratados, aqui há uma preocupação com seu lado urbano, foco desde o filme anterior. E até mesmo as  pontes e túneis da cidade migram dos quadrinhos nesta derradeira aventura.
          Não se pode esquecer, é claro, da característica trilha sonora de Hans Zimmer, que assegura a tensão do início ao fim. Em algumas cenas, pode-se percebê-la baixinha, ao fundo, contribuindo com a apreensão do espectador, ainda que o mesmo não saiba. Chega-se um ponto em que gritos de prisioneiros e até mesmo a ofegante respiração de Wayne convergem-se na melodia do compositor.
          Por fim, resta parabenizar Christopher Nolan e seu time criativo, o irmão Jonathan Nolan e David S. Goyer, pelo excelente trabalho feito. Em tempos nos quais O Espetacular Homem-Aranha peca por priorizar sua sequência; essa equipe ensinou, com maestria, a se fazer três excelentes longas  sem, necessariamente, abrir mão de ideias em algum dos capítulos.
          Tanto o policial John Blake, quanto a mulher gato de Anne Hathaway mostram-se fundamentais à trama, inserindo-se na mesma de forma natural. Não há aquela sensação desconfortável de que estão ali apenas para ampliar o universo do personagem nas telas. Aliás, ver Batman, que no primeiro filme não se dava ao "luxo de ter amigos", ao lado de clássicos aliados em uma situação de real necessidade apenas ratifica, novamente, a competência da franquia. Pois são reforçados tanto a evolução do personagem quanto o caráter grandioso do longa.


           Nolan prometeu um épico... e entregou um. Ao fim de O Cavaleiro das Trevas Ressurge as lágrimas escorrem não só pelo caráter emocional do filme, mas pela qualidade do mesmo. A essência de Batman está ali. Se, metaforicamente, o filme trata da imortalização do super-herói, pode-se dizer que Batman acaba de se eternizar, também, fora das telas.


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2 comentários:

  1. Excelente crítica. O filme foi realmente sensacional e a única coisa á se lamentar, é que essa trilogia chegou ao fim, mas não sem antes deixar sua marca na história do cinema.

    Parabéns, Nolan!

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  2. Ótima crítica!!!! Confesso q fiquei triste quando o filme terminou, pq sem sombra de dúvidas o Batman de Christopher Nolan vai deixar saudades. Só espero q um remake não saia tão cedo!!! E só sei de uma coisa... preciso assistir de novo hehehe...

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