terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

127 Horas

"Não há força na Terra mais poderosa que a vontade de viver." 


          Com essa frase, encerra-se o trailer de 127 horas. E por mais clichê que a mesma soe... ela acaba por mostrar-se, no filme, como a mais pura verdade. Danny Boyle entrega, novamente, uma obra sincera que dosa com excelência tanto o apelo artístico quanto o comercial.
          A trama, baseada em uma história verídica, acompanha o alpinista norte-americano Aron Ralston, o qual, em uma fatídica manhã de Sábado, viu-se preso por uma rocha na desolada e profunda região dos cânions de Utah.
          Assim que o filme começa, o diretor já bombardeia o público com a correria da cidade. Algo não muito diferente dos conturbados cenários indianos de Quem Quer Ser Um Milionário, último filme de Boyle. Porém, fugindo de toda aquela bagunça, o público depara-se com Aron Ralston. Nitidamente alguém que aparenta aproveitar a vida, que busca novas experiências e que acha paz na vastidão solitária dos cânions. O que fica comprovado quando uma das meninas que cruzam seu caminho diz: "Ah, você é um daqueles...".
          Fatos que lembram, inclusive, o jovem Emile Hirsch no marcante Na Natureza Selvagem. Principalmente quando Aron deixa seu carro e parte em busca de aventura. Entretanto 127 horas está longe de alcançar a poeticidade do último. Não por incompetência, mas porque seu foco simplesmente é outro: narrar um acontecimento e as consequências do mesmo.
          Jamal, personagem de Dev Patel, no já citado Quem Quer Ser Um Milionário, foi apresentado como apenas um entre milhões. Dessa forma, a busca por seu verdadeiro amor mostrou-se como uma jornada praticamente épica. Com Aron, método parecido foi usado. A movimentação da cidade, que de tão grande precisa dividir a tela em três, apresenta-se vazia e ininterrupta. Sendo assim, seu ritmo não se altera... e portanto, ter um personagem longe dali aumenta sua solidão e insignificância perante o mundo. Basicamente, Ralston está sozinho.
          A partir dessa constatação, percebe-se a excelência do trabalho de Danny Boyle e do ator James Franco. Tudo o que se passa antes de Aron ficar preso é somente uma gigantesca sequência de abertura. Apenas quando o protagonista prende o braço é que o título surge na tela, antecipando o que vem a seguir: 127 horas de pura agonia.
          Fazer um filme inteiro com apenas um protagonista preso em um buraco requer, definitivamente, muito jogo de cintura. Portanto, percebe-se como Boyle abusa de recursos criativos para dar ritmo ao longa. Aron imerge o público em lembranças, pensamentos e alucinações, proporcionando, a este, ideias de como era sua vida. Contudo, a tela dividida em três, outro recurso interessante, faz com que a aflição de Ralston nunca seja abandonada por um longo período de  tempo. A relação do protagonista com seus objetos também é amplamente utilizada, fazendo com que a garrafa d'água, o cortador e a câmera transformem-se, praticamente, em novos personagens.
          Sobra tempo, inclusive, para um divertido talk show psicológico no estilo sitcom, no qual até mesmo as risadas de fundo são aproveitadas (aquelas de seriados do gênero como Friends e The Big Bang Theory). Porém, se recursos assim funcionam é graças a soberba interpretação de James Franco, a qual mostra-se essencial para o sucesso do filme. Franco esbanja simpatia e sinceridade em uma atuação extremamente envolvente e digna de aplausos.
          O grande acerto de Boyle foi não estender sua história por muito tempo, o que tornaria a mesma cansativa, independente do que fizesse. Os rápidos 94 minutos do longa são mais que suficientes, considerando-se o que foi proposto. 127 horas, por fim, é uma história simples que entra para o grande hall dos filmes que fazem o espectador dar valor à vida, e para o pequeno hall dos que de fato conseguem deixar tal impressão. Uma história que, talvez, não angarie muitos prêmios mas que com certeza deixa sua marca no público. O que é provado pelo burburinho e tensão da sala de cinema nos momentos mais aflitivos.


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Abraço!

5 comentários:

  1. Parece ser muito bom esse filme, quero muito veer!! Acho que vou aproveitar meus bonus da Inteligweb e ir no cinema ver!!

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  2. Vale a pena Thais!
    O filme, devido às cenas de tensão, constrói uma relação bem interessante com o público!

    Espero que goste e obrigado pelo comentário!

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  3. Pedro, ótima crítica!!!!
    Gostei mto do filme!!! Um único protagonista q passa quase a totalidade dos 94 minutos preso em um buraco... sinceramente não é fácil tornar um filme assim interessante. Danny Boyle e sua equipe merecem os parabéns pq de fato conseguiram realizar esse feito. Realmente impressionante, o filme consegue ser ativo e com imagens extremamente ricas em detalhes (parabéns para a galera da fotografia!). Outros aspectos q contribuem são os flashbacks, o talk show e a trilha sonora (a do clímax então...). E o q dizer da atuação de James Franco??? Simplesmente sensacional (chances de Oscar...). Resumindo, o telespectador embarca na jornada de Aron Ralston e msm as cenas mais pesadas não trazem uma reação negativa do público, q parece compreender o q o montanhista está passando.

    Abç,
    Thaysa.

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  4. Achei este filme o máximo.
    Concordo contigo: ainda bem, que Danny Boyle não fez um filme muito longo.
    James Franco está incrível, e vou torcer por ele no Oscar!

    Abraço
    http://brazilianmovieguy.blogspot.com/

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  5. Oi, cara, desculpa a demora em conferir teu espaço e teus textos, sempre muito bons.
    Vou acompanhá-lo mais de perto, agora, pode confiar.

    Grande abraço
    Clênio
    www.lennysmind.blogspot.com
    www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com

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