domingo, 24 de junho de 2012

Os Novos 52 da DC Comics - Parte 1: Superman

          Há pouco menos de um ano, a DC Comics arquitetou uma estratégia ousada, que decretou uma nova era para as histórias em quadrinhos. Na tentativa de angariar novos leitores e reconquistar os antigos, todo o seu universo foi reiniciado! A novidade recebeu o nome de "Os Novos 52", pois este foi o número de séries (re)lançadas. Este mês, a tão polêmica estratégia chega ao Brasil pela Panini, que trabalha por aqui com a distribuição em 'mixes'. Ou seja, em uma revista encontram-se três histórias com uma temática similar. O resultado você, leitor, confere aqui:

Começando por ele, O Último Filho de Krypton:

Superman #1 (Qual É o Preço do Amanhã?)

          O grande problema da nova HQ do herói é priorizar, mais que o próprio personagem, seu novo 'status quo'. A edição gira essencialmente em torno do renovado Planeta Diário e como o mesmo, agora, faz parte de um poderoso conglomerado de mídias. Tudo é feito propositalmente para se explicitar a nova e moderna dinâmica do famoso jornal: Tanto o papel de destaque de Lois Lane quanto a introdução dos novos personagens.
          Restam a Superman algumas páginas para enfrentar um desinteressante vilão, o qual se caracteriza por simplesmente ser um amontoado de chamas com certa consciência. A falta de vilões atuais relevantes mostra-se como um problema cada vez maior para o herói. Devido à sua natureza indestrutível, a perfeição do Superman acabou tornando-se um problema para os roteiristas. Luthor e Zod já foram exaustivamente utilizados, não só nos quadrinhos. Então... Como criar um oponente a altura?
          Sabendo deste problema e tendo a oportunidade de construir uma nova mitologia, a partir do zero, o roteirista George Pérez simplesmente entrega um vilão amorfo (?!) e totalmente desprovido de personalidade. Enfim, seja por falta de competência ou por pressão dos editores, o resultado é decepcionante.
          Tudo bem... fica claro que a ameaça faz parte de um plano maior, mas isso apenas piora a situação. Prorrogar o "mistério" e conectá-lo a outras edições (No caso, Edge 1) mostra-se como um tentativa falha de aumentar os lucros e garantir a venda dos próximos números, o que aconteceria de forma natural se simplesmente houvesse uma boa história.
          A narração da sequência de ação ocorre novamente em detrimento do Planeta Diário, já que posteriormente revela-se parte de uma matéria do jornal. Contudo, a mesma apenas contribui para uma história de diálogos e narrativas cansativas... Além de aumentar o afastamento com o herói: Superman continua distante e artificial...
          O relacionamento pessoal de Lois e Clark é relegado à última página e... bem, em uma página não consegue-se explorar muita coisa... A solidão e o deslocamento do personagem - fatores potenciais de conexão com o público - restringem-se a esse final e acabam sendo 'mais do mesmo'. Para isso não precisava de reboot...

Supergirl #1 (A Última Filha de Krypton)

          Não há muito que falar sobre a estréia da prima de Kal-El, afinal a leitura da primeira edição é mais rápida que o Flash (com o perdão da piada). Vestindo um uniforme um tanto quanto mais sensual, Supergirl, ainda sem falar a nossa língua, detona alguns robôs. Fim. O roteiro da história é curto, mas bem bolado. Michael Green e Mike Johnson apresentam vagas pistas do que foi Krypton, diferentemente da problemática Superman #1, e do que representam os novos uniformes. O final é bacana e o saldo da edição positivo.


Action Comics #1 (Contra a Cidade do Amanhã)

          Há mais de 70 anos, a clássica Action Comics dava início a histórica Era de Ouro dos quadrinhos. Naquele tempo, o público foi apresentado a um Superman que possuía como característica, além da força e da velocidade, apenas a habilidade de saltar grandes alturas. O objetivo principal de nosso herói era lutar pela justiça em suas formas mais simples, ajudar os necessitados e tornar-se, assim, o campeão dos oprimidos.
          A responsabilidade de reformular, para os 'Novos 52', a icônica Action Comics foi dada ao polêmico Grant Morrison e, segundo ele mesmo, sua intenção foi a de resgatar esse espírito antigo do Superman. É certo que, entre críticas fervorosas e elogios rasgados, o escocês é um dos principais nomes da indústria dos quadrinhos atualmente. É certo também que sua Action Comics #1 segue seu estilo e, para o bem ou para o mal, vai dar muito o que falar.
          Primeiramente por que a história relata as primeiras aventuras de Superman na Terra. E ao contrário das outras edições em que o herói transita por ai no novo 'uniforme-armadura' criado por Jim Lee, aqui ele usa apenas uma camiseta com o tradicional símbolo, uma calça jeans surrada e botinas. Sim, um visual bem grosseiro para um super-herói.
          A intenção do autor é justamente dar ao personagem sua tão buscada humanização e por isso usa o fato do herói não ter todos os seus poderes como um benefício para seu texto... Superman sangra, se machuca, se esforça! Para fazer justiça e salvar 'gente como a gente'.
          O problema da edição encontra-se apenas no fato de que novos leitores talvez não se adaptem ao roteiro de Morrison tão facilmente. Leva tempo para se interpretar os diálogos, há referências à Action Comics clássica (encontrei apenas o comentário sobre a mulher que apanhava do marido até que Superman interveio); críticas pessoais do autor, como sua reprovação a pseudo-intelectuais desocupados e um hilário momento em que Lois solta um 'eu sou a verdade e o caminho'.
          Em suma, uma edição complexa e de qualidade superior a Superman #1, que talvez falhe apenas no desígnio primordial do reboot: atrair novos leitores.

E você... Curtiu o tão falado reboot? Gostou da crítica? Não concorda com algo que foi dito? Quer acrescentar algo? Deixe um comentário! Sua opinião é fundamental para o desenvolvimento desse Blog!

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