sábado, 8 de janeiro de 2011

A Rede Social e primeiro ensaio sobre o Oscar

          Quem apostaria em fazer um filme sobre a criação do Facebook? Tal ideia, aparentemente não muito interessante, tornou-se, nas mãos de David Fincher, um excelente longa metragem. Afinal, qualquer história tem grande potencial cinematográfico, se feita da maneira certa e pelas pessoas certas. Entretanto, apesar de seu tema incomum, o grande sucesso de A Rede Social deve-se, indubitavelmente, à sua inegável contemporaneidade.
          Fincher, no dramático O Curioso caso de Benjamin Button entrega um filme filosófico e até mesmo poético, no qual a passagem do tempo e a própria vida são postos em xeque. Já em A Rede Social, o diretor opta pela objetividade e centra-se no essencial: contar como Mark Zuckerberg tornou-se o bilionário mais jovem do mundo criando o Facebook e quais as consequências deste ato.
          Não pense, contudo, que não haverá reflexões após a sessão. O longa expõe  uma geração feita de aparências, sempre em movimento, além de analisar, de forma bem interessante, as relações sociais do mundo atual. Mas, seria isso suficiente para um Oscar?
         Os diálogos rápidos e a intercalação passado/presente explicitam o ritmo veloz empregado por Fincher, o qual combina perfeitamente com o que é mostrado. Adicione a este recurso técnico um atípico e interessante personagem e você terá o diferencial de A Rede Social. Jesse Eisenberg, do divertido Zumbilândia, interpreta Zuckerberg com maestria. O protagonista possui diálogos afiados, está constantemente perdido em seus próprios pensamentos e até mesmo esnoba certo ar de genialidade, sempre impondo sua opinião.
           Muitos alegam que Fincher não quiz entrar em juízo de valor na polêmica história. Porém, apesar de todos os personagens terem seus defeitos e qualidades bem divulgados, é impossível não rotular alguns deles. Ou não é verdade que Sean Parker, inusitadamente bem interpretado por Justin Timberlake, acaba como o vilão e Eduardo Saverin como o injustiçado? Até mesmo o próprio Zuckerberg, para muitos um tolo e idiota, está, no filme, mais para 'nerd cabeça dura facilmente influenciável'. Essa problemática apenas contribui mais para se discutir o equívoco cometido em muitas cinebiografias ou longas baseados em fatos reais: até que ponto o espectador está diante da verdade?
            Por fim, A Rede Social é um retrato interessante do mundo moderno, que ratifica o talento de David Fincher, mas que certamente não é sua melhor obra. A indicação da Academia é certa, considerando as dez vagas, mas a premiação (agora, uma opinião pessoal) improvável. Receio que Fincher possa levar outra rasteira de Danny Boyle, mas afirmar isto sem assistir à 127 horas seria um sacrilégio. Que comecem as apostas...  
O diretor David Fincher
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Abraços!

2 comentários:

  1. Gostei muito das suas criticas pedrão!
    Apesar de não ter lido todas ainda. :)
    É, eu sempre disse que seu hobby seria critica de cinema, e você tem talento! :)
    Parabéns!
    beijo

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  2. Muito boa crítica. Adorei o filme. Sempre achei que a história do Facebook daria um bom filme por causa de todos os desentendimentos que ocorreram nos bastidores. E como você destacou, qualquer história tem potencial desde que feitas pelas pessoas certas.

    Minhas apostas, como você já deve saber, estão em A Origem.

    Quero muito ver 127 Horas. Acho que James Franco tem grandes chances no Oscar!

    Abraço,
    Thomás
    http://brazilianmovieguy.blogspot.com/2010/12/rede-social.html

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