segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Último Mestre do Ar

      
          Em 2005, "Avatar - The Last Airbander" fez sua estréia na televisão e desde então esbanja de um merecido sucesso. O desenho, muitas vezes confundido com Anime, é uma verdadeira e bem elaborada junção de inúmeras características da cultura oriental. Após três temporadas, uma boa audiência e vários prêmios, nada mais esperado do que o inevitável interesse de Hollywood em converter a animação para um filme longa-metragem. A questão, porém, é que ao adaptar-se produções como essa, diretor e estúdio tem uma difícil tarefa em mãos: Agradar tanto aos exigentes fãs, como também ao grande público que nunca ouviu falar da obra. Infelizmente, "O Último Mestre do Ar", não alcança esse objetivo.
          Na trama, o mundo é dividido em quatro nações: Tribo da Água, Reino da Terra, Nação do fogo e Nômades do Ar. Em cada uma delas, nascem "dobradores", que possuem o poder de controlar seu elemento nativo. Apenas uma pessoa é capaz de controlar os quatro elementos: O Avatar. Porém, há cem anos ele está desaparecido e esse é justamente o momento em que todos mais precisam dele, já que a Nação do fogo, sedenta por poder, iniciou uma guerra. É dever do Avatar disseminar a paz pelo mundo e manter o equilíbrio do mesmo, propiciando a paz entre as nações.
          A história começa quando Katara e Sokka, dois jovens irmãos da Tribo da Água do sul, descobrem acidentalmente o novo Avatar. Mas, para a surpresa de todos, ele é apenas um menino de doze anos chamado Aang, que ainda precisa aprender a dobrar três dos quatro elementos, ao mesmo tempo em que é perseguido por Zuko (Dev Patel), príncipe da Nação do Fogo.
Shyamalan
          O filme de M. Night Shyamalan peca ao cometer um erro terrível: descaracterizar gritantemente a grande maioria dos personagens, inclusive o próprio protagonista. É visível a diferença entre esse personagem e o original: O Aang do desenho é uma criança que tem responsabilidades impostas a si, mas nunca deixa de se divertir. Já o do filme, desde o primeiro minuto, é sério demais e carrega como um fardo o peso de ser o Avatar.
          Personagens secundários como o Monge Gyatso e Haru, o amigo de Katara do episódio seis, também são descaracterizados e pior: de forma desnecessária, já que fazem apenas pequenas participações. No referido episódio, aliás, Katara faz um belo discurso que ressalta seu heroísmo. No filme, ele é passado para Aang, em uma atitude infeliz do diretor de mostrar maturidade no menino.
          Outro problema reside no fato de que cada nação representa uma determinada cultura do mundo oriental, portanto a cor dos personagens não era um fator aleatório, mas foi mudada. É o caso dos dois irmãos e da nação do fogo, a qual, vale ressaltar, não convence em momento algum do filme. A do desenho mostrou-se muito mais assustadora e poderosa.  
          Porém, sempre ocorrem modificações que são necessárias devido à mudança de gênero. Alguns episódios, como por exemplo, "Jato" e "O Rei de Omashu" foram totalmente cortados. Portanto, devido à ausência do último, não espere ver o célebre vendedor de repolhos na telona. "As Guerreiras de Kyoshi" chegou a ser filmado, mas perdeu espaço na edição. Talvez Shyamalan encontrou dificuldade em harmonizar dois interesses românticos para Sokka em um mesmo filme. E finalmente, as salas das estátuas do templo do ar do sul foram para o templo do ar do norte.
          Há, por outro lado, uma preocupação do diretor em deixar claro o conceito do mundo espiritual, sendo nítidas as influências de religiões como o Hinduísmo e o Budismo. Aang, a propósito, conecta-se com esse mundo (espiritual) muito mais facilmente no filme. Como pontos positivos, salvam-se os belos cenários, a aparente dificuldade de realizar as dobras e a fidelidade ao visual do Appa, o bisão voador.  
          Por fim, sendo avaliado independentemente o longa talvez funcione, mas quem é fã certamente deixará a sala do cinema com um gosto amargo na boca. Shyamalan entrega um filme fraco em diálogos e de apenas 1h40min de duração, quando tinha em mãos um cardápio de 20 episódios para adaptar. As atuações de Noah Ringer e Nicola Peltz (Aang e Katara) também não ajudam e o fato das cópias dubladas terem ganhado a preferência das distribuidoras só ratifica a infantilização da obra.
          A triste falta de fidelidade ao desenho é evidente já na reprodução da clássica abertura: Os quatro planos em sequência, cada um com um dobrador, são reproduzidos. Porém, na continuidade, a narração de Katara, ao invés de acompanhar cenas bacanas e explicativas, aparece sobre um texto que percorre a tela ao melhor (ou pior) estilo "Star Wars". Portanto, resta o lamento: "O Último Mestre do Ar" não fracassa como o péssimo "Dragon Ball: Evolution" mas está longe de alcançar o potencial que tinha: Na minha cabeça, uma fusão de "O Tigre e o Dragão" com "O Senhor dos Anéis".


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4 comentários:

  1. Reconheço o quanto é difícil adaptar uma série de quase 7 horas em um filmes de 2 porém digo que o filme em si é muito ruim afinal o roteiro é cheio de furos e como você mesmo citou a atuação dos atores não é boa.é uma pena que Shyamalan ESTRAGOU uma ótima franquia .

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  2. Eu vi o filme antes de ver o desenho, e achei o filme ótimo, depois eu fui ver os desenhos percebi que o filme foi uma boxta, ele corto personagens que na próxima temporada vai ser importante, parece que o diretor viu apenas o Livro da Água e deixou de ver os outros livros. By: Shrek

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  3. Lamento em ter que concordar com vocês! Esperava ansiosamente pelo filme, mas sai decepcionado do cinema. Foi de fato uma adaptação infeliz. Aliás, percebi que o início do episódio 7 foi emendado no 6, fazedo uma conexão totalmente ilógica, se avaliarmos o que foi proposto no desenho...
    De fato, uma ótima franquia desperdiçada...

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  4. Ultimo mestre do ar foi um dos piores filmes que eu assisti em toda minha vida.....devia ter ficado só nos desenhos animados...

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