segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

RoboCop

"Uma máquina não sabe o que é ser humano, não entende o valor da vida... então, por que deveríamos permiti-la tirar uma? Para julgar a vida e a morte precisamos de pessoas que diferenciem o certo do errado. O que suas máquinas sentem?"


          Com o estrondoso sucesso de Tropa de Elite 2 nas bilheterias nacionais, o interesse de Hollywood pelo diretor José Padilha seria inevitável. Após recusar diversas propostas, realizar o remake de RoboCop foi a missão que o brasileiro escolheu encarar. Admirador do longa original, Padilha enxergou, no clássico de Paul Verhoeven, uma proposta que se alinha com temáticas de sua própria filmografia. Já na abertura do longa, o espectador depara-se com robôs e drones sendo utilizados pelos EUA em solo estrangeiro, mais precisamente em uma missão de "pacificação" no Teerã.
          A intenção do diretor é mostrar como a automatização da violência pode desencadear práticas fascistas em um governo. Uma vez que a máquina substitui o soldado, o elemento humano deixa de ser uma preocupação e o imperialismo voraz sobressai-se na politica externa americana. Neste ponto, dá-se inicio à trama: o RoboCop nasce como uma ideia para driblar a lei que proíbe robôs dentro do país, já que o policial não é apenas uma máquina, mas também um homem.
          Como maior diferença para o longa original, destaca-se o grande espaço dado à família de Alex Murphy. O roteiro de Joshua Zetumer aproveita-se desse núcleo para discutir o que significa ser metade homem, metade máquina e ótimas cenas de tensão são criadas a partir dessa premissa. Entretanto, deve-se convir que a mensagem principal do longa de 1987 - uma pesada crítica ao corporativismo - acaba suavizada no remake. O que se deve tanto à exploração de novas tramas, quanto à amenização da violência.
          Portanto, se a mensagem ainda é passada com competência, é graças ao excelente elenco. Michael Keaton está muito bem como Raymond Sellars, chefe da empresa, e Samuel L. Jackson representa uma divertida sátira da Fox News, emissora americana de extrema direita. Destacam-se da mesma forma Gary Oldman, que sempre faz bem a qualquer filme e o próprio Joel Kinnaman, que não decepciona no papel principal.


          É bacana acompanhar o aprimoramento do personagem e uma grande sacada da produção é revelar ao público o que é máquina e o que é homem, caracterizando uma das melhores cenas do filme. Sente-se falta apenas de novas falas de efeito para o Policial do Futuro. Inúmeras frases de Tropa de Elite foram abraçadas pelo público e, com RoboCop, Padilha tinha o potencial para repetir tal feito, o que daria ao longa do brasileiro muito mais identidade. O diretor, contudo, limitou-se a aproveitar frases clássicas do original de forma esperta. Por fim, Padilha entregou uma boa obra de ação, com elementos políticos interessantes. Seu filme está longe da estética arrojada e impactante de Verhoeven, mas faz jus à obra original, atualizando o mundo de RoboCop com eficiência.


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Um comentário:

  1. E um filme sobre Alex Murphy e não sobre RoboCop isso é broxante, para mim foi decepcione, mas já esperava isso mesmo.

    "Michael Keaton está muito bem como Raymond Sellars" Um personagem com cacoetes Joberianos? Prefiro mil vezes o Dick Jones do original.

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