Na trama, um grupo de pré-adolescentes empenham-se em realizar um filme. Entretanto, em umas das filmagens, os jovens garotos acabam presenciando um terrível acidente ferroviário. Logo depois, terríveis acontecimentos e desaparecimentos inexplicáveis começam a acontecer... a resposta pode estar na catástrofe ocorrida com o trem, o qual carregava algo misterioso e... assustador.
O diretor J.J. Abrams acerta, novamente, pelo simples fato de aperfeiçoar, neste longa, uma de suas principais características: a capacidade de emocionar.
Mesmo em Missão: Impossível 3, perceba como 'J.J.' proporciona, ao inabalável agente da 'I.M.F.', um pouco de humanidade, fazendo do mesmo alguém suscetível a falhas e, portanto, um personagem bem mais interessante. Tal premissa não apenas criou um excelente filme, como também revitalizou a franquia de Tom Cruise.
Contudo, a missão impossível de Abrams era outra; e chamava-se Star Trek... o diretor tinha, em mãos, a responsabilidade de atualizar a maior franquia de ficção científica do cinema e mostrou-se apto ao desafio. Porém, apesar de toda a trama eloquente, o filme é, acima de tudo, sobre Kirk e Spock. Sobre a relação dos dois, moldando gradualmente essa amizade que os define tão profundamente.
Com Super 8, o foco do diretor, felizmente, continua o mesmo. Note a preocupação de Abrams em moldar seus personagens logo no início da trama. Joe e Alice, assim como seus pais, estão deslocados... perdidos em um mar de dúvidas e inseguranças. De um lado, crianças que perderam a mãe. De outro pais que não sabem criar os filhos.
Perceba como até mesmo o monstro responsável por todo o suspense do longa é mais um ser deslocado... Aliás, inclusive depois de revelado, ele nunca é mostrado em foco. Apenas uma vez e em um momento definidor para o mesmo. Dessa forma Abrams, genialmente, lida com um orçamento reduzido e ao mesmo tempo mantém a atenção em seus personagens.
Aliás, em Super 8, é Riley Griffiths, interpretando Charles Kaznyk, quem rouba a cena. Ainda mais quando se sabe que Abrams identifica-se com o personagem. Charles tem um pouco do clássico perfil 'nerd': é o garoto gordinho, viciado em cinema, metido a diretor e com grandes problemas de insegurança. Contudo, não só pela comicidade do papel, ele se destaca por um 'fator surpresa' na trama, já que o mesmo terá um 'choque de interesses' com o amigo Joe. Com isso, Abrams cria um personagem real e de fácil identificação, ressaltando as injustiças da vida.
Por meio de Charles, vale dizer, Abrams representa a essência de inúmeros cinéfilos. Em entrevista publicada na revista Preview, edição 23, o próprio diretor diz: "Eu via o mundo do mesmo jeito que ele... Fazer esses filmes era uma espécie de fuga." Com isso, fica clara a metalinguagem de 'Super 8'. Afinal, o filme é sobre... um filme.
Repare que até em pequenos detalhes, como a primeira aproximação de Joe e Alice, a cena é banhada pela magia do cinema: O menino ensina a menina a melhor forma de se interpretar um zumbi. Fica claro, portanto, todo o amor, dedicação e sinceridade depositado no longa. Uma cena simples, mas que facilmente tira lágrimas de qualquer amante da sétima arte.
E diferentemente de Star Trek, aqui, o diretor consegue evitar as coincidências, pois não tem o peso de 45 anos de cronologia em sua história. Personagens secundários são logo definidos para, posteriormente, a trama se desenrolar de forma natural. Note como o vício por explosões de Cary (Ryan Lee) ou a sala secreta do professor Woodward (Glynn Turman) são inseridos despretensiosamente para, a frente, mostrarem-se importantes.
Abrams lida com o suspense magistralmente e sabe esconder a criatura, vide sua experiência com Cloverfield - Monstro, mas não esquece da boa fórmula do blockbuster, inserindo alívios cômicos na medida certa e uma boa dose de aventura.
Quando Joe solta seu bem material mais precioso fica clara a representação física do amadurecimento do personagem. Portanto, o filme pode acabar ali... A mensagem foi passada. De forma sutil e extremamente sensível.
Abrams segue, à risca, a fórmula do sucesso e concebe uma divertidíssima, e merecida, homenagem a Romero no fim do longa...
Aliás, tal homenagem é, certamente, uma das maneiras mais inteligentes de se fazer o expectador permanecer na poltrona durante os créditos finais... Nada de cena, após todas aquelas letrinhas, que levará ao próximo 'Caça-níquel' do estúdio, mas sim uma estratégia interessante, divertida e totalmente condizente com o proposto pelo longa.
Não perca, pois Super 8 é, definitivamente, no circuito comercial, um dos melhores filmes do ano.
Gostou da crítica? Não concorda com algo que foi dito? Quer acrescentar algo? Deixe um comentário! Sua opinião é fundamental para o desenvolvimento desse Blog! Abraços!
Com Super 8, o foco do diretor, felizmente, continua o mesmo. Note a preocupação de Abrams em moldar seus personagens logo no início da trama. Joe e Alice, assim como seus pais, estão deslocados... perdidos em um mar de dúvidas e inseguranças. De um lado, crianças que perderam a mãe. De outro pais que não sabem criar os filhos.
Perceba como até mesmo o monstro responsável por todo o suspense do longa é mais um ser deslocado... Aliás, inclusive depois de revelado, ele nunca é mostrado em foco. Apenas uma vez e em um momento definidor para o mesmo. Dessa forma Abrams, genialmente, lida com um orçamento reduzido e ao mesmo tempo mantém a atenção em seus personagens.
Aliás, em Super 8, é Riley Griffiths, interpretando Charles Kaznyk, quem rouba a cena. Ainda mais quando se sabe que Abrams identifica-se com o personagem. Charles tem um pouco do clássico perfil 'nerd': é o garoto gordinho, viciado em cinema, metido a diretor e com grandes problemas de insegurança. Contudo, não só pela comicidade do papel, ele se destaca por um 'fator surpresa' na trama, já que o mesmo terá um 'choque de interesses' com o amigo Joe. Com isso, Abrams cria um personagem real e de fácil identificação, ressaltando as injustiças da vida.
Por meio de Charles, vale dizer, Abrams representa a essência de inúmeros cinéfilos. Em entrevista publicada na revista Preview, edição 23, o próprio diretor diz: "Eu via o mundo do mesmo jeito que ele... Fazer esses filmes era uma espécie de fuga." Com isso, fica clara a metalinguagem de 'Super 8'. Afinal, o filme é sobre... um filme.
Repare que até em pequenos detalhes, como a primeira aproximação de Joe e Alice, a cena é banhada pela magia do cinema: O menino ensina a menina a melhor forma de se interpretar um zumbi. Fica claro, portanto, todo o amor, dedicação e sinceridade depositado no longa. Uma cena simples, mas que facilmente tira lágrimas de qualquer amante da sétima arte.
E diferentemente de Star Trek, aqui, o diretor consegue evitar as coincidências, pois não tem o peso de 45 anos de cronologia em sua história. Personagens secundários são logo definidos para, posteriormente, a trama se desenrolar de forma natural. Note como o vício por explosões de Cary (Ryan Lee) ou a sala secreta do professor Woodward (Glynn Turman) são inseridos despretensiosamente para, a frente, mostrarem-se importantes.
Abrams lida com o suspense magistralmente e sabe esconder a criatura, vide sua experiência com Cloverfield - Monstro, mas não esquece da boa fórmula do blockbuster, inserindo alívios cômicos na medida certa e uma boa dose de aventura.
Alguns dirão que Super 8 não passa de um recorte dos filmes de Spielberg, que produz o longa, como ET e Contatos Imediatos..., porém, fica nítido o toque pessoal de J.J. Abrams. Desde a forma como o longa é conduzido, similar a Star Trek, até detalhes como a trilha sonoro, que logo vê-se, foi feita por Michael Giacchino, grande colaborador de Abrams.
Por fim, como já dito aqui, o próprio George A. Romero, mestre do terror, alega que seus filmes "não são sobre os zumbis. São sempre sobre como as pessoas reagem". Ou seja, possuem como essência o destrinchamento dos personagens e a mensagem a ser passada, apesar dos seres horripilantes que estão por perto.Quando Joe solta seu bem material mais precioso fica clara a representação física do amadurecimento do personagem. Portanto, o filme pode acabar ali... A mensagem foi passada. De forma sutil e extremamente sensível.
Abrams segue, à risca, a fórmula do sucesso e concebe uma divertidíssima, e merecida, homenagem a Romero no fim do longa...
Aliás, tal homenagem é, certamente, uma das maneiras mais inteligentes de se fazer o expectador permanecer na poltrona durante os créditos finais... Nada de cena, após todas aquelas letrinhas, que levará ao próximo 'Caça-níquel' do estúdio, mas sim uma estratégia interessante, divertida e totalmente condizente com o proposto pelo longa.
Não perca, pois Super 8 é, definitivamente, no circuito comercial, um dos melhores filmes do ano.
Gostou da crítica? Não concorda com algo que foi dito? Quer acrescentar algo? Deixe um comentário! Sua opinião é fundamental para o desenvolvimento desse Blog! Abraços!
cara, muito, mas muito boa sua crítica, me lembrou de alguns motivos que me fizeram gostar muito do filme e que eu mesmo não soube explicar heheehe
ResponderExcluirdivulguei.
Toon, muito obrigado.
ResponderExcluirComo você pode perceber o 'Dimensão Cinema' está um tanto desatualizado, mas agora, com 'Super 8', pretendo voltar a postar regularmente... E claro, é sempre bom ter mais pessoas para compartilhar nossa opinião.
Obrigado pela divulgação!!
Abç.
Oi Pedro!
ResponderExcluirExcelente crítica. Adorei "Super 8" também! Foi uma experiência tão doce assistí-lo que fica fácil compreender a sua empolgação em recomendá-lo. Não consigo notar as sutilezas que você vê, nem todas as referências, mas, de fato, o filme traz um clima especial de sinceridade e sensibilidade que há muito eu não via. Afinal, o ET não estragou tudo dessa vez ;) Bjo, me liga. (É sério :P)
Pedro! Ótima crítica!
ResponderExcluirAté agora Super 8 é sem sombra de dúvidas o melhor filme do ano ;)
Bjux!
Ótima crítica! Para falar a verdade, a melhor sobre Super 8 até agora. Sua crítica expressa tudo o que eu presenciei e senti quando vi o filme. Super 8 foi certamente o melhor filme de 2011! Isso é claro na minha opnião. Parabéns pela crítica!
ResponderExcluirAgradeço pelo elogio Felipe!
ResponderExcluirConcordo com vc e ressalto o que disse na crítica: no circuito comercial, Super 8 com certeza foi o filme que mais me agradou em 2011.