Disney/Pixar Vs DreamWorks

 

          

          Este mês, duas grandes animações disputam a preferência do público no cinema. E, é claro, a comparação torna-se inevitável. A questão, porém, é que "Toy Story 3" e "Shrek Para Sempre" mostra-se muito mais do que uma simples e saudável disputa de gênero. Essa é, na verdade, a briga de dois gigantes da animação: Disney Vs DreamWorks.

          Desde 1937 a Disney encanta a todos com clássicos da animação tradicional. A empresa, que sempre se preocupou em testar novas técnicas, tornou-se uma gigante do mercado ao longo do conturbado séc. XX. Porém, em 1995, ela não só lançou uma inovação, como também escreveu  uma nova página na história do cinema: Toy Story, além de ser um bom filme, era o primeiro longa metragem em computação gráfica do mundo. Quatro anos depois, a parceria com a Pixar provou-se extremamente bem sucedida: Toy Story 2 não só arrecadou muito mais, como também superou seu antecessor em qualidade.

          Logicamente, um mercado tão lucrativo não seria dominado por uma única empresa. A partir de 1998, a DreamWorks lançou algumas ótimas animações tradicionais (O Caminho Para El Dourado; Spirit...), e provou que era sim, capaz de concorrer. Em 2001, isso ficou mais do que provado: Shrek chegou aos cinemas e satirizou, de forma extremamente inteligente, tudo o que a Disney construiu ao longo de quase um século.

             

          Entretanto, se hoje analisarmos o histórico das duas, torna-se evidente a superioridade da casa do Mickey. As duas animações em cartaz são exemplos que apenas ratificam essa informação. Em entrevista publicada na revista Preview, edição 03, o diretor Lee Unkrich, ao ser perguntado sobre o terceiro Toy Story, respode:

"Amamos os personagens, eles são o alicerce do nosso estúdio. Se vamos fazer uma sequência, só faremos se tivermos uma história muito boa, que valha a pena contar. Demora quatro anos para fazer um desses filmes. Não queremos investir nosso tempo em algo pelo qual não sejamos apaixonados. E somos apaixonados pela históia do terceiro.
...Quando fiz o primeiro, não tinha filhos e agora tenho três, crescendo muito rapidamente. E os quatro filhos de John vinham ao escritório e pulavam no seu colo. Agora ele mandou três deles para a faculdade. Somos pessoas diferentes. Lidamos com muitos temas neste filme, como crescimento e desapego, que são coisas que vivemos. Não acho que poderiamos ter feito este filme na época."

          Portanto, é nítida a entrega dos envolvidos no filme. A panelinha da Pixar (Lasseter, Unkrich, Stanton...) ama o que faz e tem prazer de estar ali, envolvendo-se em todo o processo de produção. É esse um dos grandes tropeços da DreamWorks: Em Shrek, por exemplo, os roteiristas mudam a cada longa. E após concluido o roteiro, chama-se o diretor. Em "Shrek Pra Sempre", temos a direção de Mike Mitchell, do ridículo "Super Escola de Heróis". As duas últimas aventuras do ogro mereciam muito mais dedicação, mas ao que parece, o imediatismo de ver os cofres cheios fala mais alto.

          Enquanto a Disney/Pixar preocupa-se em emocionar e dar uma nova lição de vida a cada longa, a DreamWorks deu atenção demais a rivalidade e se precipitou fazendo "O Espanta Tubarões", concorrente infeliz do espetacular "Procurando Nemo"; e é claro, sequências desnecessárias de Shrek.

         Enfim, a Disney/Pixar é definitivamente a vencedora desse comparativo: Wood, Buzz e cia têm um propósito em estar de volta, fazendo de Toy Story uma das poucas trilogias que acerta nos três filmes, ao contrário de Shrek que encerra relativamente bem, mas ainda assim decepciona. Olhando o histórico da primeira, encontram-se obras primas como "Wall-e", já no da segunda o divertido mas nada memorável "Madagascar".

          Vale ressaltar, porém, que a rivalidade é forte e a DreamWorks é capaz de se igualar à concorrente como mostra na linda história de "Como Treinar Seu Dragão". Sem contar que a empresa está um passo a frente no que se refere à tecnologia: O 3D é bem mais relevante em seus filmes. Portanto, basta a nós, o público, sentar e nos deliciar com as incríveis histórias que estão por vir!

Abraços!