De tempos em tempos, a humanidade é agraciada com o talento de verdadeiros gênios. Ayrton Senna foi um deles. O homem que fez o automobilismo, no Brasil, ser tão popular quanto o futebol não se contentava em ser bom: era preciso ser o melhor. Entretanto, ainda mostrava-se pouco ser o melhor de sua geração: era preciso ser o melhor... de todos os tempos. O documentário "Senna" exibe, de forma bastante inteligente, a trajetória do piloto e acerta em focar no aspecto mais conturbado de sua carreira: a rivalidade com Prost e a obsessão pela vitória.
Primeiramente, vale ressaltar que talvez os expectadores mais atentos se entristeçam com um pequeno detalhe: o filme, sobre um dos maiores ídolos brasileiros, é produzido por uma empresa britânica. Porém, o fato de "Senna" não ser, tecnicamente, um longa nacional tem lá suas vantagens. Explico: No Brasil, a montagem de um documentário com caráter biográfico a respeito de Ayrton Senna poderia acabar endeusando demais o piloto, pecado claramente cometido em muitas produções do gênero.
Esquivar-se dessa tendência foi o grande acerto de Asif Kapadia, pois apesar de, inegavelmente, contribuir para a mitificação de Senna, o diretor não deixa de expor momentos que ratificam a conturbada e polêmica carreira do mesmo. O resgate de vídeos dos bastidores e dos boxes, aliados a antigas reportagens de telejornais constroem, gradualmente, aquela que seria uma das maiores rivalidades já vistas pelo esporte: Ayrton Senna Vs Alain Prost.
Kapadia não poupa o brasileiro, mostrando na tela defeitos de ambos. Certa vez, aliás, Senna perdeu uma corrida para o próprio ego. O piloto, já em primeiro lugar, continuou a acelerar o carro apenas para humilhar Prost, que mantinha a segunda posição. Destaca-se que, por um bom tempo, os dois foram companheiros de equipe, fator que apenas deixava a briga mais interessante.
Entretanto, Ayrton ainda é visto como herói pelo público devido à inserção de Jean-Marie Balestre no longa. O então presidente da FIA, Federação Internacional de Automobilismo, é moldado como o grande vilão da história. Além da nacionalidade francesa, o que denunciava sua preferência por Prost, seu conterrâneo, Balestre não tolerava a petulância de Senna, que sempre o contestava nas reuniões que precediam as provas.
Vale ressaltar que "Senna" é muito mais que um filme sobre a melhor época da Fórmula 1. Trata-se, na verdade, de valores imprescindíveis como determinação e superação, pois como o próprio piloto afirma: "Se você não procura ser o melhor no que faz, esqueça isso". Para ele, guiar um F1 era como estar em outra dimensão.
A produção consegue, com a ajuda da trilha sonora, fazer de cada corrida uma batalha épica. Mostra-se impossível não ficar empolgado ao ver o brasileiro sair dos últimos para os primeiros lugares. Naquele tempo, quem ganhavam as corridas eram os pilotos e não os carros. Portanto, foi com grande tristeza que Senna viu, nos últimos anos de sua carreira, a tecnologia e a política tirarem a essência de seu esporte.
O carisma do piloto, sua vontade em ajudar e iniciativas como a marca 'Senninha' explicam como o mesmo tornou-se um ídolo incontestável. Em uma época na qual ser brasileiro, definitivamente, não era motivo de muito orgulho, Senna ostentava seu clássico capacete, imortalizado pelas listras verdes e amarelas, em todas as provas. Dessa forma, o pobre cidadão brasileiro tinha motivos de sobra para esperar, ansiosamente, as manhãs de domingo. E o piloto, sabendo da responsabilidade que tinha, queria retribuir tamanha paixão. Como? Ganhando o GP do Brasil. Na ocasião, o carro apresentou sérios problemas na marcha, e Ayrton optou por enfrentar espasmos pelo corpo, resultantes do extremo esforço físico, à perder a corrida.
Por fim, após todos esses aspectos serem bem conduzidos pelo diretor, tem-se, na parte final do longa, o fatídico acidente do brasileiro. Até mesmo para os que nunca viram uma de suas corridas é difícil não se emocionar, pois durante todo o filme constrói-se, naturalmente, uma grande admiração pelo piloto. Alguém que não corria com a cabeça, mas sim com o coração.
Gostou da crítica? Não concorda com algo que foi dito? Quer acrescentar algo? Deixe um comentário! Sua opinião é fundamental para o desenvolvimento desse Blog!
Abraço!
P.S.: Peço desculpas pela falta de postagens nessas últimas semanas. Infelizmente, responsabilidades em outras dimensões estão exigindo meu total comprometimento.
Oi Pedro Vinícius!
ResponderExcluirColoquei um selo lá no meu blog pra ti!
Dá uma olhada.
Abraços